Em demonstração: Passlabs INT-60

Temos orgulhosamente em demonstração o Passlabs INT-60. O mais recente amplificador integrado a sair do laboratório de Nelson Pass é uma continuação e um valente upgrade das gerações anteriores (o INT-30 e o INT-150), e é o irmão mais novo do INT-250. Esteticamente, aos meus olhos, o INT-60 é maravilhoso, e com o seu enorme tamanho e peso (42kg) não foi feito para ficar escondido no armário. Este amplificador é para ficar em destaque na sala para que os amigos perguntem quem é “aquele belo monstro”.

O INT-60 debita 2x60W a 8ohm que não parece muito mas, ligando a umas exigentes Dynaudio Focus 340 com 87dB (1W/1m), consegue pô-las a tocar a volumes altíssimos sem aparente esforço. Trabalha em classe A até aos 30W,  o que é muito pouco comum. A maioria dos amplificadores em classe A/B trabalham em pura classe A até 5-10W. Tem um PVP de 11000€.

Tanto o INT-60 como o INT-250 têm amontoado reviews e prémios atrás de reviews e prémios. No entanto, nunca gostei de nenhum equipamento apenas porque os outros dizem que é bom por isso, como toca?

Detalhe do interior do INT-60

O INT-60 não foi amor à primeira vista. Qualquer amplificador high-end que entra aqui na loja é forçado a se comparar com o GamuT Di150, o que é uma tarefa sempre complicada. O GamuT, entretanto descontinuado (espera-se um novo modelo em… 2019), apresenta um fundo ultra-silencioso e é capaz de uma dinamica aparentemente superior aos meus ouvidos. O GamuT parece ser um amplificador melhor e se calhar até  é, se olharmos para algumas medições em laboratório. Quando começamos a ouvir boas interpretações musicais, com bons artistas, e paramos de ouvir sons, constatamos que o Passlabs é um amplificador soberbo. Grygory Sokolov é um dos melhores pianistas da atualidade e as suas interpretações de Chopin e Mozart (The Salzburg Recital) são excelentes testes para um sistema, e boa música para se desfrutar. Com o Passlabs, o Sokolov parece estar a tocar à nossa frente, sentímo-lo a respirar, a levantar a mão e fazer pequenos compassos de espera para martelar a tecla do piano. A música, cheia de suspense, parece por vezes parar no tempo colando-nos à cadeira antecipando cada nota. Com o GamuT, que sempre considerei excecional nesse aspeto, parece lento e inexpressivo por comparação.

Com rock, o Passlabs confere o que alguns chamam “groove”, outros chamam “balanço”, ritmo ou PRAT. Sentimos aquela ‘necessidade’ de abanar a cabeça ou bater o pé ao ritmo da música. Continuo a achar que o GamuT Di150 é um amplificador excecional e uma referencia, e será possivelmente mais adequado para certas colunas e certos gostos, mas o Passlabs INT-60 permite ouvir a excelencia das interpretações como nenhum outro amplificador que tenha testado neste nível de preços. Já dizia Miles Davis “Anybody can play. The note is only 20 percent. The attitude of the motherfucker who plays it is 80%”. Digamos que o Passlabs INT-60 não destroi essa “atitude”.

 

Gustavo Rosa

Deixe um comentário

Your email address will not be published.